quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Efeito "mãezinha" ... ou efeito "bôbo da côrte" ? Hmmm ... grgrgrrrrr
"Tinha um ar triste, e a atracção que a melancolia masculina exerce sobre todas as mulheres do mundo não é tão misteriosa como parece. Há nela um desafio expresso, que nos incita a testar imediatamente os nossos poderes transformadores. Alegrá-los não é tanto um implulso altruísta, mas uma verificação íntima das nossas armas de sedução. Em regra, é uma abordagem leviana e pouco ou nada amorosa; mas, sobretudo na juventude, é fácil confundir-se esse narcisismo com o verdadeiro amor."
Rita Ferro in "Não me contes o fim"
Eis um excerto de um parágrafo que me inquietou a alma!
Ora então, esta digníssima Senhora vem desta forma abordar um facto irrefutável e do qual sou prova viva, que é o de as mulheres se sentirem atraídas pelo beicinho masculino.
E fá-lo muito bem, até à altura em que decide aplicar o primeiro ponto final!
Pois é inegável que uma mulher, que já de início reúne os tremeliques todos característicos da atracção física (e não só) por um homem, se desfaz por completo se o vê "de beicinho".
Também é inegável o prazer mútuo de um abraço apertado e de um "cafuné" dado ao homem que se ama.
Mas ... questionar a essência pura e maravilhosa destas manifestações, transformando (e generalizando, que é o mais grave) a mulher que ama numa animadora social, bôbo da côrte, ou mesmo na tão comum "mãezinha" ... isso já é brincar com o fogo!!!
Oh Senhora, você já reparou que está a questionar o amor puro??? Sim, é que QUEM AMA CUIDA!!!
Está a pôr em risco o "cafuné"!!!
É que se corremos o risco de entender que quem abraça, acaricia, diz palermices, distrai ... sei lá, e até fode (ora, desculpem, mas esta Senhora conseguiu enervar-me) a pessoa amada, por esta estar triste, o faz apenas e somente para nutrir o seu bulímico Ego ... então eu vou ali suicidar-me e já volto!
Se essas já não são manifestações do amor mais puro e sem jeito, então SÃO O QUÊ???
Para mim, o que esta digníssima Senhora (que me faz ter de tomar 1/4 de Diazepan para que continue a ler a sua obra) dá a entender com estas afirmações do estilo "é uma abordagem leviana e pouco ou nada amorosa" é uma barbaridade!
Sou uma acérrima defensora do "cafuné" e de todas as mais ridículas manifestações de amor em prole de um comboio de sorrisos; de desabafos; de abraços apertados; de lágrimas; de carícias ... enfim, do maravilhoso efeito contagiante do amor!
E, volto a dizer, esta Senhora conseguiu enervar-me ao reduzir o que eu entendo ser o Amor, a uma manifestação egocêntrica de vaidade feminina, como se o abraçar e acariciar o homem amado fosse equiparável à compra de uma mala Vuitton!
P... que te fez nascer por parto eutócico, distócico ou por mero acidente de percurso! Não me voltes a enervar assim, que eu sou mulher, e como tal, não aprecio ver o verniz a estalar nas unhas!
Pérola
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Só por este texto já te pedia um autógrafo !
"Para a vida
Enquanto os barcos sobem o rio e a Norah Jones namora comigo no prato do cd, apetece-me escrever sobre namorar. No mês de S. Valentim, olho à minha volta e tento contar os pares de namorados que conheço. A mão direita talvez chegue; o resto, são histórias, casos, encontros, desencontros, empurrões, equívocos, enganos, esquemas, casos mal resolvidos. Parece-me que anda quase toda a gente em trânsito, com muita pressa e pouco norteio, e um bocadinho ao lado daquilo com que sonhou. Mulheres e homens hasteando bandeiras de orgulhosa mas involuntária solidão, meninas mimadas à espera de encontrar o Príncipe Encantado no primeiro par de calças que com elas se cruza e rapazes que não querem crescer, mesmo depois dos quarenta, desejando secretamente que a sua princesa – que eles querem mesmo que exista – demore só mais uns meses a aparecer. E depois há os outros, os que acreditam numa relação e decidem investir nela. Entre os pares de namorados que conheço, alguns estão casados há mais de 40 anos, outros têm menos de 25 anos e não têm planos de casamento, mas há uma coisa que o une: a vontade de estar com alguém senão para a vida, pelo menos na vida, já que viver só é coisa de bicho e mesmo assim, são poucos os que assim vivem. Estes pares de namorados conjugam os verbos estar, partilhar e viver sem pensar no que isso implica. A explicação é simples: mais ou menos carentes, mais ou menos afectivas, são pessoas sem medo de dar amor, mesmo sabendo que nada é seguro e fiável, que nada é para a vida, a não ser a morte. E namorar é isto mesmo, viver a dois.Dá muito trabalho viver a dois, mesmo que não se viva debaixo do mesmo tecto. É como se a nossa vida deixasse de ser completamente nossa; há outro, uma outra pessoa que também a vive connosco, que faz parte dela. Uma pessoa que cuida de nós e de quem precisamos de cuidar. Alguém que, antes de nós, já viveu uma vida inteira, já amou outras pessoas e já lambeu as feridas. Alguém que é um conjunto intrigante e complexo de defeitos, qualidades e experiências, alguém único e difícil de entender, tal como nós. Mas, acima de tudo trata-se de alguém que gosta de nós. E que gosta tanto que é connosco que quer partilhar a vida.Parece simples, mas deve ser a coisa mais complicada do mundo. Mas então porque é que as relações são cada vez mais fugazes e difíceis de manter? Será que natureza humana afinal é mesmo polgâmica, apesar de todas as ditaduras da religião? Ou será que, estando a espécie tão protegida, nós, humanos seguros e individualistas, estamos a perder o instinto gregário? Afinal, porque é que é tão difícil estabelecer relações duradouras? Eu tenho uma teoria, coisas de escritora: eu acho que as pessoas não estão para se chatear. Que o novo é irresistível, e há sempre pessoas novas e não tem piada nenhuma resistir-lhes. O zapping não é só um vício de quem passa horas sentado em frente à televisão a vegetar, também pode ser um modo de vida. E como o homem é um animal de hábitos, as pessoas habituaram-se a viver assim. Mesmo que isso represente andar a brincar aos namorados, aos casados, aos pais e às mães dos filhos dos outros, mesmo que assim o preço da solidão adiada, se pegue com uma factura maior.Dá muito mais trabalho namorar. Mas também dá muito mais gozo. Como diz o Mick no filme Monstros & Companhia, sou tão romântico que me podia casar comigo mesmo. Eu também podia, mas era uma grande chatice. Prefiro procurar no outro as diferenças que nos unem. Prefiro investir, programas viagens com meses de antecedência, sonhar casas em terrenos baldios, dar a mão, oferecer músicas e palavras, dormir agarrada e acordar com o mais belo sorriso do mundo ao lado como meu despertador particular. Prefiro conjugar os verbos estar, partilhar e viver, sem pensar no que isso implica. Viver um dia atrás do outro, de vez em quando pensar no futuro, de vez em quando ter saudades do passado, mas não perder o fio dos dias, a paz construída que me dá serenidade e segurança. Não vale isso muito mais do que andar aos tiros para o ar, numa de tentativa e erro, a cansar o corpo e coração, em guerras de amor?"
Margarida Rebelo Pinto, 2003
Eu sou como tu M., e por apreciar tanto a beleza de um dia-a-dia de procura do nosso melhor no melhor do outro, é que a decisão mais difícil que tomei até hoje, foi a de deixar de o fazer pelo tempo que a vida assim entender ...
e por contraditório que possa parecer, com essa decisão reforcei a minha crença no encanto do namoro e solidifiquei ainda mais o meu "Eu".
Obrigada por estas palavras que não me deixam sentir sózinha.
Pérola
domingo, 26 de outubro de 2008
Quem será que inventou esta?
"Dar pérolas a porcos"
Fugindo um pouco à introdução introspectiva e acinzentada deste blogue, surgiu-me um pensamento completamente despropositado, mas ainda assim, compatível com a metáfora de mim que aqui despejei na mensagem anterior.
Quem terá sido o iluminado que inventou esta famosa expressão?
Qual terá sido a criatura intelectualmente desenvolvida, que chegou a tão brilhante expressão?
Até aposto que tal riqueza de conteúdo só pode ser resultado de uma vida bafejada pelos tão enriquecedores azares do catano, do camandro ou do caneco (ah grande José Pedro Gomes, tu é que sabes), de que eu também já tenho sentido o cheiro.
Sim, aqueles que "fazem uma pessoa crescer e tal ..." (e que já deviam fazer com que a minha alcunha passasse de "Canina"/"Pequenina", para "Sortuda").
Realmente, esta famosa expressão, não só tem de ser fruto de uma evolução intelectual significativa e de uma rica experiência de vida, como também só pode ser verdadeiramente compreendida pelos grandes azarados deste Mundo.
Eu sou prova disso, pois há muitos anos atrás, criança feliz e sortuda, vivia alegremente convicta que aos porcos se davam cascas de batata, de melancia e afins.
Hoje em dia, depois de muito bafo do catano, do camandro e do caneco (fora cacetada e pontapé com fartura), é que já atinjo a verdadeira compreensão da realidade:
O que mais há por aí são porcos mórbidamente obesos de tanta pérola que lhe vai parar à boca !
By: Pérola Escondida (com uma vénia ao autor da expressão supra-citada)
Aqui dentro ...
Hoje faz frio aqui dentro.
Só vejo escuridão.
Não entra uma cor do arco-íris.
Nem uma brisa de Verão.
Sei que há cor e calor lá fora.
Só que nem quero espreitar.
Não quero ser descoberta.
Para não me fazerem falar.
Aqui dentro sobra espaço.
Mas não convido mais ninguém.
Aqui só posso olhar para mim.
E não pretendo ver mais além.
Lá fora fui luxo e riqueza.
Hoje quero passar despercebida.
Porque não me descobriram a beleza.
É que agora estou escondida.
By: Pérola escondida
Subscrever:
Mensagens (Atom)