Escolho a rocha cinza, onde havia lido e escrito diários salgados de lágrimas, para esperar por ti, crepúsculo. Reflexo de calor, de fogo, de energia, irmão de tantos que já vi. Agora sei o que me traz sempre aqui. O pôr-do-Sol.
Contraste forte do laranja quente do fim de tarde de paixão, em que juntos ignorámos os alemães nas proximidades, com o cinzento da rocha onde deixei cair tanto de mim, nas horas em que rasguei os convites não entregues do casamento que não vivemos e as ecografias do filho que não tivemos. É forte este pôr-do-Sol na Arrábida.
É sempre cinzenta que aqui chego, em tardes como a de hoje. A rocha é o meu reflexo. Mas já sei que este é o esconderijo dos contrastes. O fogo caminha por entre as ondas. Olho em frente, e o laranja pede-me desculpa pela demora.
É aqui que me encontro nos meus contrastes.
E é no nosso pôr-do-Sol que te vou sempre guardar.
(Tirado da gaveta) By: Pérola
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